Fim da relação: Amor, Desejo e Apego

Definições

Não me atreveria a definir o amor, nenhum poeta e nenhum filósofo jamais conseguiu, mas acho que posso fazer um pretty decent job, descrevendo os outros termos, no âmbito do amor, claro.

Desejo

Não sei dizer ao certo, mas acredito que a maioria das relações (saudáveis) comece com alguma espécie de desejo. Seja ele sexual (muitas vezes), atração física, porque admira muito ou está encantado com a pessoa, ou porque sente que tem algum buraco na sua vida ou autoestima, e precisa daquela pessoa (ou qualquer pessoa, se autoestima for muito baixa) para preencher aquele vazio.

Paixão

Os cientistas podem dizer que é bioquímico, os românticos que é algo mágico, os poetas, que é indefinível. A versão de Rafa é mais simples e pragmática: Paixão é quando essa pessoa “especial” não sai da sua cabeça, seja porque ela está vazia demais ou por algum desequilíbrio psicológico.

Não me levem a mal, eu amo a paixão, é ela que me leva a escrever, me levou a lugares que nunca conheci e a sentir por pessoas coisas que nem imaginava. E me fez fazer milhares de coisas malucas, passar algumas vergonhas (boas vergonhas) e aprender muito sobre quem realmente sou.

O problema está quando ela mina nossas faculdades mentais e emocionais, quando o que era para ser delicioso se torna algo obsessivo-compulsivo que te impede de ver as coisas como realmente são.

Apego

Agora, imaginemos que finalmente achou aquela pessoa, sim, aquela ilusão de que ela era tudo (ou em sua maior parte) que queria. Laços emocionais e materiais foram criados, rotinas estabelecidas, e o principal de tudo, sua identidade, a pessoa que acredita ser e passou a gostar de ser, estão agora todos associados a essa pessoa. Agora imagine-se perdendo essa pessoa. Nossa deu um frio na espinha, um jato de suco gástrico no estômago e uma fisgada no pâncreas, né?

Amados, o que acabaram de sentir, foi apego, não amor.

O que o amor não é

Agora compare o que Jesus ou Madre Teresa sentiam pela humanidade com o que descrevi acima?

Nada a ver, né? Claro que amamos pensar o melhor de nós mesmos, que somos almas caridosas, dedicadas para os outros, e claro, capazes de amar puramente. Sinto informar que tirando poucas almas inefáveis que passarem por esse pequeno planetinha, a maioria das vezes esse não é o caso.

O que geralmente entendemos por amor (ou sentimos?) é uma mistura de tudo isso, e não o amor puro, essencial. Mas não poderia ser diferente, óbvio, somos humanos! Estamos aqui para aprender, evoluir, cometer erros (de preferência não tão graves), refletir e mais importante, aprender a amar.

A vida é uma peça sem ensaios, errar é essencial, o problema é que evitamos aprender com eles.

Eu vejo 3 tipos de pessoas, as burras: que nunca aprendem, as meios-termos: que as vezes aprendem com os próprios erros, e as sábias: que aprendem com os erros dos outros. Qual você seria?

Quanto a isso concordo plenamente com Sócrates, uma vida não examinada, não merece ser vivida. (IN, claro!)

E por conta desse amor não ser puro, vem toda uma gama de desentendimentos na relação e dissabores, decepções, promessas quebradas, ódio, e com certeza, sua grande parcela de lágrimas.

Ofereço uma versão mais realista, individualista onde há equilíbrio entre sua individualidade e a do ser amado.

Hoje, sei que o problema de muitas relações paira sobre a questão da Paixão e Apego principalmente, pois no apego não existe o outro, apenas a nós mesmos.

Passei a vida entrevistando pessoas sobre os relacionamentos delas, e garanto, sem sombra de dúvida que não importa se a conversa durou minutos ou horas, a palavra que mais ouvi foi “Eu”. (Seguido em segundo lugar por: “Meu”).

E com certeza absoluta (tem outro tipo de certeza?), fui e sou vítima dessa mesma enfermidade psicológica.

Vamos imaginar então agora como seria a relação de duas pessoas que sofrem desse mal?

Nossa, o inferno na terra, não? O grau dessa enfermidade varia de pessoa para pessoa, e acredito que  se trabalharmos duramente sobre nós mesmos, evoluindo, diminuiremos muito esses sintomas.

E sinto também, que se fizermos por merecer, a vida nos colocará no caminho alguém com o mesmo nível de evolução.

A atração ocorre por sintonia das energias, atraímos o que somos e de acordo com a visão que temos da vida. Canso de ouvir nas minhas viagens exploratórias da natureza humana todos buscando a pessoa certa. Mas quem procura tornar-se a pessoa certa?

A perda

Na minha total convicção (nesse momento da minha evolução) é de que é exatamente por isso que sofremos tanto numa separação.

Porque no fim das contas nunca amamos de verdade o outro e sim a nós mesmos através do outro.

Quem se ama de verdade, deixamos ir. E não sofremos. Quem sofre é o apego.

O que amávamos (e estávamos viciados) era em como aquela pessoa especial, muitas vezes que colocamos no pedestal, nos fazia sentir sobre nós mesmos!

E junto com ela, foi-se parte do nosso senso de si mesmo, uma boa parcela da nossa autoestima, e em troca ganhamos a crença limitante de que não merecemos ser amados ou nunca mais seremos.

Conjuro nesse momento o velho adágio: Ame a si mesmo primeiro, pois quem não ama a si mesmo não será capaz de amar ninguém.

Nele, vejo a sabedoria suprema do amor puro, mas seres egoístas e não reflexivos que somos, distorcemos seu verdadeiro ensinamento.

Olhando pelos olhos do ego, o que lemos na primeira passada de olho é que precisamos pensar em nós primeiro. Só entrar num relacionamento se ele tiver tudo o que queremos. No momento em que ele perde a graça e com isso aquele rush da paixão, está na hora de trocar. Claro, porque estou me amando primeiro e buscando o que me faz feliz. Tenho esse direito.

Sim, óbvio que qualquer relacionamento é feito para nos fazer feliz, seria um idiota não concordando com isso, meu ponto é que, não é só para isso. O melhor relacionamento é aquele em que nos entregamos completamente pela outra pessoa sem nos perder, sem sacrificar nossos sonhos, vontades, hobbies, amigos e prazeres individuais. E ela faz o mesmo e ambos se respeitam por quem são. O outro procura nos compreender ao invés de nos mudar. Busca comunicação e entendimento não críticas e satisfação dos próprios desejos. Nos move e inspira a ser a melhor versão de nós mesmos.

Poderia ficar o resto da minha vida aqui, mas o intuito dessa série é ajudar você na caminhada de cura sobre o fim do seu relacionamento e de como usar isso para te fazer uma pessoa melhor, mais feliz e que por conta disso atrairá no futuro uma pessoa que esteja no mesmo nível.

Então finalizo com a conclusão de que se nesse momento está sentindo-se o puro creme do milho por dentro, desolado, depressivo, e que sua vida acabou, nada está mais longe da verdade, pois se tivesse dado fim a sua vida há minutos atrás nunca teríamos nos encontrado, não poderíamos estar trocando experiências e não poderia te ajudar a aprender a amar a si mesmo. Porque quando encontrar esse amor verdadeiro por si mesmo, encontrará finalmente a pessoa que de verdade merece, e não, precisa. Porque jamais precisará de ninguém para ser feliz, apenas para compartilhar a felicidade que emanará naturalmente de você.

Lembre-se, você precisa participar no seu próprio resgate.

Se gostou, compartilhe na barrinha aí embaixo. Obrigado! 😉

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