A Mente, mente

A raiz do sofrimento

Disclaimer: Esse post é mais profundo e sério que os demais, se veio para se divertir, ótimo! Por favor, recomendo os outros posts mais light. Ele será dividido em dois, os possíveis problemas e as possíveis soluções. Então não se assustem, não sou pessimista e nem tenho a visão que o mundo está a beira do apocalipse.

Se o post lhe parecer dark demais, é porque after the dark, comes the light.

A mente é a combinação de desejo e dualidade.

Vamos refletir hoje sobre como a mente é a principal razão dos nossos sofrimentos.

A mente como dualidade

A mente interpreta a maioria das informações que chegam a ela através da dualidade, aliás, a mente é a suprema arquiteta da dualidade e com isso da nossa visão dos eventos do mundo físico e da vida.

Perceba que só existe conceito de frio porque existe o calor, o feio por causa do conceito de bonito, rico, pois existe o pobre, luz porque existe a escuridão (ausência de luz).

A mente é incapaz de conceber ou compreender o conceito de absoluto. 

Imagine agora uma coisa absoluta, sem contradição ou oposto. É possível?

O mais interessante é filosofar se é porque o absoluto não existe, ou ele existe mas nossa mente limitada não está equipada para enxergá-lo e compreendê-lo.

Na realidade existe apenas a temperatura, frio e quente, agradável ou não, quem classifica é a mente.

Inclusive o passado e o presente são criados pela mente. Somos os miseráveis escravos dela, nada acontece no universo que não nos venha à consciência através da mente.

E assim passamos nossas vidas interpretando os eventos que em sua essência são neutros como bons ou ruins.

Bom e Ruim são ilusões da mente, julgamentos sobre o acontecido. 

O que nos faz sofrer não são os acontecimentos, e sim, a interpretação que damos a eles.

Perder o emprego é bom ou ruim? A resposta correta seria: Não sei, talvez.

Se odiarmos o emprego ou conseguirmos um bem melhor e mais rentável logo em seguida, nossa, foi ótimo perder o emprego.

Se gostamos do nosso emprego, se usamos ele para definir nossa identidade ou somos apegados a ele, com certeza, será ruim.

Mas qual dos dois é a verdadeira realidade do acontecido? Sem a interpretação da mente e seu julgamento baseado em seus próprios desejos, não é possível responder, percebem?

Nada é absoluto para a mente, ela trabalha sempre com contrastes.

A mente classifica e julga, e portanto a mente sofre. 

E como confundimos a nós mesmos com nossa mente, sentimos como se nós estivéssemos sofrendo.

Podemos tentar encontrar eventos e situações universais para nos convencer de que o sofrimento existe, como a dor e a perda.

Mas muitas pessoas gostam da dor física, por exemplo, existem os masoquistas, sado-masoquistas, aquelas pessoas que põem ganchos nas costas e são levantados, pessoas nas quais o cérebro não processa a dor, e para elas, a dor é indiferente ou até prazeroso. O que é dor para alguns pode ser prazer para outros. Então a dor é a causa do sofrimento ou é a nossa interação com ela e a interpretação do que essa dor representa?

Quem sofre é a mente. Até a psicologia tradicional entende que parte do processo de cura é a identificação da raiz do sofrimento e da re-significação daquele acontecimento para a mente daquela pessoa processar o evento de uma forma saudável, e assim conseguir  integrar à sua psique adequadamente.

A dor está em não aceitar a vida, a si mesmo, e os eventos como eles realmente são. 

Em julgá-los de acordo com nossos desejos.

Quando a mente não aceita a realidade, e prefere classificar, não resta escolha a não ser classificar algo como bom e seu oposto como ruim, e a faca que faz essa separação é a navalha do desejo.

Bons portanto, são os eventos que acontecem de forma semelhante ao que desejamos e interpretamos como prazer ou agradável, e ruins são os que não condizem com nossos desejos e aspirações.

 

A mente como desejo

Podemos refletir que mesmo a perda de alguém muitas vezes é transformada quando a pessoa escolhe acreditar que existe algo além da vida, algo melhor, que um dia ainda se encontrarão, e podem até sentirem-se felizes pela pessoa que se foi.

Em algumas culturas, a morte é celebrada com festa, pela pessoa ter superado mais essa vida, evoluído e ter seguido para seu próximo passo. 

Então o sofrimento vem pela morte do ente querido ou pelo nosso apego ao ente querido? 

Ou seria nosso egocentrismo, onde nós é que precisávamos daquela pessoa em nossas vidas pois ela nos trazia coisas boas, porque nossa identidade estava atrelada ao papel que tínhamos ao seu lado (pai, mãe, marido, esposa, filho, amigo)?

Mas claro que o sofrimento é real! Estou sofrendo agora mesmo por não encontrar emprego, não estar com a pessoa que amo, ter perdido um ente querido, não ter aquela casa, roupa ou carro que eu quero, por não ter o respeito dos meus pares, por não ser promovido, pelo mundo ser injusto onde os piores se dão bem, pela doença que eu tenho, por ter ouvido palavras duras de quem me importo, de estar só ou cercado de pessoas que não gosto, por ter que trabalhar demais e passar pouco tempo com meus filhos ou hobbies, e claro, pelo trânsito, falta de dinheiro e pela fila do banco.

Mas o sofrimento vem pela perda do emprego ou pelo medo de não encontrar outro, da família passando necessidade, do que a sociedade vai pensar de um desempregado?

Nada disso está atrelado ao evento “perder o emprego” e sim, às interpretações e medos que a mente as vezes fantasia.

Você sofre porque estão comentando de você pelas suas costas ou pelo orgulho que não admite (deseja) que pensem mal de você? Claro, porque somos maravilhosos! Quem “eles” pensam que são para me criticar e se acharem melhores que eu? 

A raiz do sofrimento não está no evento e sim na interpretação da mente.

O trânsito e fila do banco são irritantes porque o banco ou estrada é uma merda, mal organizado, porque as pessoas são burras e não sabem pagar contas pela internet ou dirigir, porque o sistema financeiro é um lixo ou porque você gostaria que a realidade fosse diferente, que fosse da forma que mais lhe apraz? 

Você também tem a escolha de possuir menos coisas, e assim sendo, ter menos boletos para pagar, certo?

Mas nós (ego) queremos sempre tudo, os objetos materiais, mas não o caro boleto, o belo corpo, mas sem ir para a academia ou dieta saudável, menos trânsito, mas sem abrir mão de nosso carro ou mudar de cidade para uma outra mais pacata. 

O ego não impõe limites para seus desejos.

Comer coisas saudáveis, abrir mão das comidas deliciosas e fazer exercícios físicos são sofrimentos em si ou quem sofre é nossa gula ou preguiça?

Já dizia o sábio oráculo de Delfos: Conheça a si mesmo, nada em excesso e não faça promessas que não está preparado para cumprir.

Quem sofre é o ego: A Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça, Orgulho. 

Sem referência a nenhuma religião ou pecados aqui.

Sofremos não pelos eventos mas pelo nosso desejo de como os eventos deveriam ter se desenrolado. E essa ilusão de controle sobre o desenrolar da vida tem a raiz na mente.

Sofremos pela frustração de nosso desejos e não pela realidade das coisas.

Então sempre que estiver sofrendo, ansioso, irado, nervoso, desanimado, pergunte-se: 

O que desejo nesse momento que não está acontecendo? Qual desejo meu está sendo frustrado?

Compreenda que a vida NUNCA vai se curvar aos seus desejos e que cada evento de sua vida deve ser vivido como é, sem julgamentos prejudiciais ou condenações.

Aí está a raiz da paz interior.


A mente, mente

A nossa mente vê a vida da forma na qual foi formatada. E nossa mente foi formatada pela sociedade em que nascemos, pelos nossos criadores, traumas, experiências boas, medos que passamos e propensões biológicas e culturais. Cada mente interpreta os eventos através de uma lente específica. Cada uma de nossas mentes é diferente e única, pois somos um ponto único no universo, cruzamento de infinitas linhas do tempo e eventos que aconteceram apenas para nós mesmos. 

Ninguém nunca vai conseguir ter a mesma experiência da vida que nós temos, nem nunca vamos conseguir transmiti-la em palavras. 

Nunca na existência do universo, do big bang ao big crush, do alfa ao ômega, do princípio ao fim, existirá uma outra pessoa igual a você.

Essa é a SUA história.

Então se tinha autoestima baixa, pensando que não vale nada, espero ter lhe ajudado a melhorar, pois você é uma pessoa especial e ÚNICA no universo!

E um dos maiores problemas nas relações está em querer que os outros se submetam a essas nossas visões idiossincráticas, sigam nossos preceitos, compartilhem nossos valores e crenças, e se curvem diante dos nossos desejos. A maioria de nós inclusive ouve o outro não com o intuito de compreender, mas apenas com a intenção de retrucar.

A nossa mente é formatada inclusive pelas línguas que aprendemos. 

Ou você consegue pensar em uma língua única e que não existe? 

Provavelmente você pensa em português, certo?

Agora imagine que na língua portuguesa não existam palavras que expressem certos conceitos, se não há palavras para expressar, não há como a mente processar.

Então como a mente poderia interpretar a existência como ela realmente é? Impossível!

Os orientais se alfabetizam através de ideogramas, os quais expressam ideias completas e não por palavras que expressam cada uma, uma ideia única, e por isso, tem acesso à certos tipos de raciocínio que não estão disponíveis para os ocidentais. E vice-versa.

Percebem a limitação extrema de nossa mente? 

Por isso adoro aprender novas línguas, pois a cada nova língua que aprendo, é como se eu ganhasse uma “nova alma”, uma nova forma de interpretar a vida.

Agora, e se a sua mente foi formatada de uma forma inadequada, com problemas, visões distorcidas ou algum “bug”?

Percebe como a sua vida será muito mais difícil e suas relações muito mais complexas e infelizes?

Se em todo lugar onde você vai, você encontra problemas, o único fator comum em todas essas situações é você.

Se todos seus relacionamentos acabaram mal, o que é o mais plausível, que você tenha tido o “azar” de encontrar pessoas completamente diferentes porém ruins, que “todos” os homens ou mulheres sejam “assim mesmo”, ou que o problema esteja em você?

Cuidado com as generalizações, pois todas as generalizações que fazemos convergem num ponto único: Nós mesmos.

Lembre-se da sabedoria da navalha de Ockham, de que se várias explicações são igualmente plausíveis e levam à mesma conclusão, a mais simples é a preferível.

E é por isso que a mente, mente. Ela constantemente nos oferece a sua própria realidade, baseada em seus enganos e erros. Vivemos assim vendados eternamente com o véu de Maia, e incapazes de experimentar a realidade como ela verdadeiramente é.


A mente como acesso irrestrito

Como disse Aristóteles, todos podemos ficar irados, isso é fácil, agora ficar irado com a pessoa certa, no grau adequado, na hora oportuna, da forma correta e gerando a melhor ação a partir disso, isso sim é difícil!

Todos gostamos de acreditar que somos senhores de nós mesmos. 

Nada está mais longe da verdade.

Somos escravos do mundo externo. 

Somos como um lenho em fortes correntezas, levados de uma lado a outro a mercê das intempéries e das águas revoltas.

Pensamos ter o controle de nós mesmos, mas basta uma pessoa atraente passar pela frente, que toda uma gama de sensações, fantasias e desejos toma conta de nossa mente e perdemos a concentração no que estava acontecendo.

Basta uma ação ou palavra errada da pessoa certa, que uma torrente de emoções ruins toma conta, e nos faz agir irracionalmente.

Basta uma vitrine de loja para nos deixar tristes por não termos dinheiro para comprar “nada”. Basta um espelho para acabar com nosso dia, uma única perda para nos levar de um sensação de prazer ao mais completo desespero, um comentário daquela pessoa especial para demolir nossa autoestima.

Achamos que somos seguros e donos de si mesmos, quando na verdade a maioria das pessoas que cruza nosso caminho acaba possuindo um controle remoto da nossa mente e das nossas emoções.

Qualquer pessoa pode nos despertar as mais indesejadas e inesperadas emoções ou as mais prazerosas, basta saber quais dos nossos botões apertar. 

E você realmente acredita ser mestre de si mesmo, senhor dos seus domínios?

E só é assim porque deixamos. Por ignorarmos como a mente e o ego funciona somos escravos deles. Reagimos automaticamente de acordo com nossa programação mental e psicológica que é extremamente prejudicial a nós mesmos e a todos que nos cercam.

E através da nossa mente damos acesso irrestrito à pessoas indevidas para alterar nossos estados mentais e emocionais.

 

A mente como instrumento

Em algum momento, que não sei dizer quando a mente perdeu seu real propósito.

A mente é apenas um instrumento

Mas de alguma forma acabamos nos identificando tanto com esse instrumento que passamos a acreditar que somos esse instrumento.

O poder da nossa mente em categorizações, da lógica, de avaliação do melhor rumo a seguir, de discernir situações prejudiciais e perigosas das boas e proveitosas, é sem precedentes na natureza. Mas não somos a nossa mente! Ela deveria ser usada pela gente, não tomar conta de nosso ser. Maldito Descartes com seu Cogito Ergo Sum quando deveria ser Sum Ergo Cogito. O ser precede a mente, e não o contrário.

Da mesma forma que um revolver, serra elétrica, fogão pode ser bem usado e nos beneficiar, e quando mal usado pode causar sérios danos e até a morte, o mesmo acontece com a mente. 

Ela tem o seu propósito definido, mas quando nos identificamos com ela, confundimos nosso ser com nossos desejos, ela destrói e corrói tudo que temos de bom internamente e faz um estrago no mundo externo.

Quando foi que o ser humano foi reprogramado para considerar a mente superior aos instintos, intuição e sentimentos não consigo dizer, mas a triste realidade disso pode ser vista em todos os cantos. Porque em sua lógica pura a mente corta caminho, dobra regras ou as quebra completamente; Acaba tendo somente o foco completo em apenas satisfazer os desejos do ego, sem pesar as consequências. Vemos todos os dias, estupros, roubos, mortes, guerras, fome, tristeza, famílias e vidas despedaçadas. A mente tem seu propósito como apenas um dos instrumentos para avaliarmos o mundo, mas quando a mente tomou o lugar do ser, a soma de todos os medos se instalou na humanidade.


A mente como tempo

O tempo existe ou é uma ilusão? Sem entrarmos em debates físicos e metafísicos, posso apenas dizer que se a vida é apenas uma sucessão de eventos, onde o tempo não existe, e é a mente que cria essa ilusão.

O passado só existe porque nossa mente lembra, e o futuro só existe porque nossa mente projeta. A filosofia oriental nos fala que a única coisa real é viver no eterno agora.

Um momento de pesar pode durar uma eternidade, um momento de intenso prazer passa num piscar de olhos. O tempo é uma ilusão da mente. O tempo é psicológico.

Para aquele que espera por algo bom a mente gera ansiedade e péssimas reações em nossos corpos. Já para aquele que está em uma situação desagradável, o tempo não passa, cada minuto dura horas, e a mente nos gera angústia e desespero.

As palavras “já” e “ainda” não se aplicam ao tempo, muito menos ao presente, aplicam-se ao nosso estado psicológico referente a sequencia de eventos que se desenrola naturalmente no universo.

Somos submissos ao tempo, em parte, por sermos submissos à mente.

Sofremos pelo passado que já não existe mais ou por um futuro que pode nunca se materializar.


A mente como frustração

A mente nos frustra constantemente. Ela deseja desenfreadamente e é incansável.

E lutamos a todo custo para conseguir saciar-lhe os desejos, e de fato muitas vezes conseguimos.

Só que geralmente há três caminhos para o desejo:

1 – O desejo é frustrado, não conseguimos o que queremos e isso nos causa dor e sofrimento. Esse é o mais simples de se entender e mais comum.

2 – O segundo é mais sutil, é que quando conseguimos o que queremos, ele parece nunca ser o que esperávamos. Quantas vezes fantasiamos conseguir aquela promoção, aquela pessoa, a vida de casado, aquele carro ou casa dos sonhos, porém em pouco tempo já não é a mesma coisa, aquilo já não nos traz satisfação. 

Já perceberam que o prazer do carro novo dura muuuito menos do que a extensão de suas parcelas? 

Claro que uso isso também como uma metáfora para todos os outros tipos de desejos do ego que possam ser satisfeitos. Ou seja, mesmo quando conseguimos algo que desejávamos por tanto tempo, a mente mancha nossas conquistas com suas falsas conjecturas, insere dúvidas em nossos corações e consegue nos convencer de que aquilo ainda é pouco, e logo nos colocamos em marcha novamente em busca da próxima “felicidade”. 

Assim como na roda dos ratinhos ou a cenoura na frente do jumento, vivemos acreditando que se conseguirmos “mais isso” ou “só mais aquilo”, aí sim, finalmente seremos felizes!! Só que a realidade é outra.

Lembre-se que a maior façanha do “Diabo” foi nos convencer que ele não existia. 

O “Diabo” existe e está dentro, ele é a mente.

3 – E por último, quando conseguimos exatamente aquilo que queremos, a falsa felicidade do ego não dura muito tempo.

A mente funciona na dualidade, ela só entende “deltas”, não valores absolutos.

Se a temperatura fosse eternamente constante, não teríamos o conceito de frio e quente, nem de temperatura, a mente não seria capaz de concebê-lo. 

E assim serve para tudo que a mente interpreta. 

É por isso que sempre estamos buscando “mais” ou “melhor”, e que se isso não for possível, que pelo amor de Deus seja ao menos seja “diferente”! 

Quantas mulheres lindas e especiais, homens honrados e amorosos não foram traídos só para que a outra pessoa tivesse uma “variação” na vida, mais uma vez aquele frio na barriga da novidade novamente? 

Várias vezes (o)a amante é mais feio, burro, e “inferior” ao cônjuge, então porque a traição acontece?!

Quantas vezes não nos perguntamos isso? 

Pois é, a questão é que a mente só compreende deltas, e como já disse o poeta: 

Não há nada pior que uma sucessão infindável de dias ensolarados.

É o mesmo motivo pelo qual a primeira Matrix foi um fracasso!

Porque os seres humanos (eu diria a mente) adoram o sofrimento, o caos e precisam de problemas a serem superados e como disse, para ela sem dor não há prazer, é a constante busca pela variação. 

Não vou discutir as relações de longa duração aqui (fica para outro post), mas só como exemplo, quantas vezes ouvimos que bons casamentos acabam porque eles viraram “amigos”, não tem mais química, etc.

E quantas traições pelo mesmo motivo? E tudo isso devido a formatação defeituosa da nossa mente, que não consegue se saciar com o cotidiano e com o constante, mesmo que esteja bom.

Claro que tenho sugestões para melhorar isso…


A mente como opressor

Diante de tudo isso, como então conseguimos viver diariamente com a mente na forma descontrolada e nefasta em que está?

É fácil, a entorpecemos com televisão, cinema, teatro, álcool, drogas, devaneios, daydreaming, conversando com muitas pessoas, trabalhando até a exaustão, fazendo academia, corrida, jogos e qualquer coisa que nos livre dela nem que seja por um minuto.

E assim seguimos como zumbis andando pela vida, a mercê do destino.

Quantas batidas de carro por conta do WhatsApp ou embriagamento, quantas vezes quase morremos atropelados porque estamos sonhando acordados, esquecemos as coisas, ficamos viciados em nossas mídias sociais, não podendo ficar um minuto com a mente quieta. 

Sempre estamos procurando formas de nos livrar de suas garras, mas de formas nada saudáveis.

Alguém já refletiu sobre quando uma pessoa na sociedade faz algo errado e contra a lei, o que acontece? Ela vai presa, claro. Porque na prisão não poderá fazer mal a mais ninguém por um tempo, terá tempo para refletir sobre suas ações (ahã, sim, claro!) e terá a punição de perder a sua liberdade e seu direito de ir e vir. Que coisa horrível!

Mas agora o que acontece com alguém que faz algo errado ou contra a lei dentro da própria prisão? Qual sua punição? Já refletiram a respeito? Pois lhes digo, é a solitária.

Ou seja, o pior castigo que o ser humano conseguiu conceber para punir uma pessoa é deixá-la sozinha com ela mesma! Ou melhor, acompanhada apenas de sua própria mente.

Quando cheguei a essa conclusão há muito tempo atrás, me gelou a espinha.

Assim como quando a pessoa é louca e um perigo para a sociedade e é aprisionada naquele quarto branco com paredes de colchão. 

Se a mente desequilibrada quando toma o lugar do ser não for a coisa mais opressora e aterrorizante do mundo, então não sei o que é.

E para o desespero final, não conseguimos fugir dela, nem por um minuto!

Ou será que podemos… (spoiler alert?)

Como o ego nos faz sofrer

A mente consegue nos fazer sofrer através da distorção do nosso senso de “ser”.

Quando ela tomou o lugar do nosso real ser, nos vendou para a realidade, para estar em contato com nossa essência, nosso lado mais puro, o qual é o arquiteto da paz interior.

E se todos tivéssemos a paz interior, o mundo estaria em paz. O mundo é a extensão de nós mesmos. O mundo é o espelho que temos que olhar para entender em qual nível de evolução estamos.

A mente nos cegou no momento que substituiu o “ser” pelo “eu”.

Pois se eu lhe perguntar quando está sofrendo muito: Quem sofre?

A resposta seria óbvia e causaria irritação no questionado, pois está claro quem sofre: Eu!

Eu, sofro!

Mas o terceiro olho começa a se abrir e a chance de começar a subir de level na sua evolução interior começa quando você se pergunta: Eu, quem?

“Eu” sou belo? E por isso sofre quando não recebe os merecidos elogios, quando questionam sua aparência ou não consegue a atrair aquela pessoa desejada?

“Eu” sou feio? E por isso sofre por não ser desejado, não poder aparecer nas capas de revista, não receber elogios e ser caçoado?

“Eu” sou rico? E por isso sofre quando perde “tudo”, quando sua condição financeira se abala, quando encontra alguém mais rico que você?

“Eu” sou pobre? E por isso sofre por não conseguir realizar seus desejos materiais, pela inveja dos que tem mais que você, pelos lugares que não pode frequentar e como os mais ricos te olham?

“Eu” sou inteligente? E por isso sofre quando sua inteligência é questionada, quando te chamam de burro, quando não conseguem entender algum conceito ou tirar uma nota boa na prova, dando a entender que essa inteligência possa não existir?

“Eu” sou honesto? E por isso sofre quando sua lealdade é questionada, quando perguntam se o erro ocorrido foi seu e você escondeu, quando os outros não agem com a mesma atitude em relação a você?

“Eu” sou um bom profissional? E por isso sofre quando lhe é chamada a atenção, quando a tão sonhada promoção vai para uma pessoa menos merecedora aos seus olhos, quando seu salário não “condiz” com seu esforço e com tudo que faz pela empresa?

“Eu” sou um mal profissional? E por isso sofre por sempre perder o emprego, não conseguir o merecido aumento, estar sempre correndo atrás do rabo e temendo ser mandado embora?

“Eu” sou um bom pai ou mãe? E por isso sofre quando seus métodos de criar os filhos são questionados, quando eles não crescem para se tornar o estereótipo de uma pessoa bem sucedida, quando seus filhos te criticam e enxergam seus defeitos?

“Eu” sou um bom marido ou namorado? E por isso sofre quando é traído, questionado, seus esforços não são reconhecidos, não recebe os merecidos elogios da pessoa amada?

“Eu” sou um habilidoso nas artes marciais, escalada, skate, ou em alguma atividade?

E por isso sofre quando perde o campeonato, quando é vencido por alguém melhor ou perde a habilidade para continuar realizando seus esportes?

Perceba que como a mente, inclemente como é, nos faz sofrer nos dois opostos, sofremos se formos ricos ou pobres, belos ou feios, bem ou mal sucedidos.

O sofrimento não vem pela nossa condição externa, mas de como escolhermos encará-la.

Existe destino mais triste de nós que temos a mente como nosso senhor?

Compreendam que dentro de nós não existe apenas um “Eu” e sim uma multidão de “Eus”.

Não é a toa que o “Diabo” disse: Meu nome é legião, porque somos muitos!

Todos procuram erradicar o mal fora, no mundo, quando o mal está dentro de cada um de nós. O mal é a mente distorcida e descontrolada.

Bom, deu para ter uma ideia de como a mente nos rouba a paz interior e a felicidade.

E em troca, nos dá apenas sofrimento quando mal usada.

No próximo post darei algumas sugestões de como lhe dar com esses problemas, porque a vida é fantástica quando interior está equilibrado e a mente é subjugada e posta no seu devido lugar.

Um comentário em “A Mente, mente

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