Introversão: Posso entrar no seu mundo, por favor?

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Vou exagerar nas descrições para ficar mais evidente as diferenças, não somos alienígenas nem androides e não odiamos humanos (em sua grande maioria rs)

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Introdução

Em uma estimativa, nos Estados Unidos a proporção da população deles com tipo introvertido é 25% (sendo 75% extrovertido obviamente).

Para piorar nosso caso, como bons introvertidos que somos, evitamos grandes acúmulos de pessoas, barulho, agitação, etc., aumentando ainda mais o mito e a incompreensão desse “estranho” ser (pelo menos aos olhos dos extrovertidos, porque nós nos achamos bem normais).

Para iniciar, um comum equívoco é achar que introversão é sinônimo de inibição ou vergonha. Nada está mais longe da verdade, ambos podem ser extremamente envergonhados ou não, isso depende da falta de autoconfiança e em se preocupar muito com o que as outras pessoas possam pensar da gente e não com introversão, e pretendo elucidar isso ao longo do post.

Contrastes

Independente (I) vs Mente Coletiva (E)

O introvertido é aquela pessoa que não entende frases do tipo: “Você está em uma festa, você TINHA que estar feliz”, “Está todo mundo dançando, você DEVERIA estar também”, “Vai se divertir!”. Focados no mundo interno, temos muito menos facilidade em “nos perder na multidão” pois somos regulados geralmente pelo nosso termostato interior, e muitas vezes só damos atenção para os eventos externos após tê-los processado e internalizado. Enquanto o extrovertido é “contagiado” pela multidão, é muito mais adaptável às mudanças externas, de cenário, de clima emocional do ambiente, etc., o introvertido demorará mais para ser adequar ao clima do ambiente e tende a ser fiel ao que está se passando internamente, mantendo a postura e atitudes de acordo com essa motivação interna.

Reflexão (I) vs Ação (E)

Ambos são ótimos em refletir, fazer teorias, planejar, porém o extrovertido sente-se mais inclinado em explorar, interagir e moldar o mundo externo de acordo com suas ideias e interesses, aliás o que fica apenas no mundo das ideias acaba não tendo valor se não puder ser aplicado no mundo real. Ainda mais se forem (S)s.

Já os introvertidos sentem-se muito confortáveis em continuar no mundo das ideias por muito mais tempo, porque gostam das ideias por elas próprias e muitas vezes são tidos como preguiçosos, aqueles que pensam demais e realizam pouco.

“Alienados” (I) vs Cidadãos (E) do mundo

Pela natureza do introvertido que ficará mais clara no decorrer do post, acaba ficando de certa forma alienado de certos aspectos da vida real e “mundana”.

O mundo da fantasia é um lugar tão bom e digno de exploração quanto qualquer outro, pois a distinção entre real e fictício para os introvertidos não é tão clara quanto para os extrovertidos. Já esses, sentem-se bem no mundo dos sentidos, aliás anseiam continuamente por ele, por novas experiências sensoriais, “sentir a vida” e quando são obrigados a ficarem mais imóveis e sozinhos, começam a se estrebuchar na cadeira agoniados por não ter “nada” para fazer ou se distrair.

Uma coisa que um introvertido, ainda mais se for intuitivo (N), nunca vai dizer é que não tem nada para pensar quando está sentado e sozinho, difícil sim é calar o intenso diálogo interior.

 Como é a vida de um introvertido, especialmente (IN)s introvertidos e intuitivos e como se autodiagnosticar

Os (IS)s introvertidos e Sensitivos acabam sofrendo bem menos ao interagir com o mundo externo, pessoas e situações novas, pois como são (S), uma das duas funções principais (as duas primeiras e mais conscientes) da lista é sensitiva, ou seja orientada para perceber o mundo físico e o momento atual. E isso suaviza bastante o efeito da introversão mas podem se relacionar com alguns pontos abaixo.

Como já mencionado, geralmente evitamos grandes acúmulos de pessoas (principalmente desconhecidas), barulho, agitação e existem algumas explicações para isso.

Somos muito mais contemplativos que interessados em interagir com o mundo e como estamos sempre com nossas energias voltadas para dentro, para nossas próprias impressões subjetivas sobre o mundo e não sobre o mundo externo, concreto e como ele é em si mesmo, muitas vezes o menor estímulo externo pode desencadear uma série de processos emocionais, reflexivos ou intelectuais, e somos “levados embora” por eles, cada vez mais profundamente para o interior do nosso ser.

Um pensamento ou impressão leva a outra, que associa-se a mais outra, que nos lembra de um sentimento do passado, mudando uma certa concepção  do mundo e das relações humanas que tínhamos até aquele minuto, mas e agora, quais as consequências para a humanidade, físicas e metafísicas desse evento… (Vocês pegaram a ideia) e quando acordamos desse transe estamos há 40 minutos estáticos sentados num canto, não importa a agitação de pessoas e objetos externamente.

Entendam principalmente que esse é QUASE SEMPRE nosso modo natural de lidar com TODAS as coisas, seja escolher o sabor da pizza, a carreira, se gostamos ou não de alguém, se a festa está legal, se nos perguntou se queremos ir para praia nesse fim de semana, ou se a pergunta foi profundamente filosófica, não importa. Vivemos eternamente num monólogo interior ou numa discussão filosófica acirrada com nós mesmos em nossas cabeças.

Até aí nenhum problema, a dificuldade da nossa vida é que 3 de cada 4 pessoas são extrovertidas (focadas no aqui e agora e no externo), e para piorar as outras poucas introvertidas que poderiam estar ali, na verdade estão em casa lendo um livro, jogando games ou assistindo Netflix, e nesse momento nos vemos numa festa cheia de desconhecidos, cercados e em extrema desvantagem numérica (rs). E todo esse processo que está ocorrendo nas profundezas, cheio de vida, agitação, empolgação, epifanias, quando olhado externamente, ainda mais pelos extrovertidos, tudo que é visto é nosso corpo catatônico, lembrando um coma emocional.

E é bem nessas horas que as pessoas comentam pelas nossas costas ou frente que somos chatos, sem graça, estamos tristes, depressivos, etc. kkk

Não, nobres extrovertidos, raramente esse é o caso, geralmente estamos mais agitados e observadores que vocês e a maioria das vezes extremamente animados com o que está ocorrendo no mundo interior, só que nosso rosto não convém essa alegre e viva realidade interna.

E esse é um dos motivos que evitamos situações com muitos ou intensos estímulos externos, não porque temos medo das críticas ou vergonha, mas porque a quantidade de estímulo é alta demais para conseguirmos processar da forma que nos é natural, tudo ao mesmo tempo, pois é altamente desgastante. Preferimos absorver parte do mundo, depois retornar para a “caverna” para digerir e refletir sobre as experiências vividas.

Você sabe que é introvertido (ou velho) quando começa a festa tão animado e falante quanto os outros mas em certo tempo está esgotado de energia, só pensando num lugar calmo onde pode carregar suas “baterias”. Como geralmente gostamos de falar de assuntos de nosso interesse e temos certo domínio, quando engajados em “jogar conversa fora”, os extrovertidos podem não acreditar, mas essa interação suga uma quantidade imensa de energia, pois se não conseguimos interagir ou nos interessar pelo assunto exposto, dedicamos toda nossa energia em não deixar claro para pessoas que estamos frustrados com a situação (coisa em que somos péssimos), para não ofendê-las e é nessa hora que você percebe que os olhos do introvertido começam a divagar pelos arredores, a mente começa dar shutdown, e JURO que por mais que queiramos nossa mente num certo momento desengaja da situação (realidade) presente e voltamos para o nosso confortável mundo interior.

E muitos problemas e mal-entendidos podem ocorrer em relações assim. Até em relações amorosas, pois as vezes os opostos se atraem e os (I)s são amigos e namoram frequentemente os (E)s. Até mesmo pela probabilidade de encontro na vida, 3 para 1 (sendo que esse 1 é um eremita que evita sair de casa como se a cidade estivesse infestada pela peste negra, fica mais fácil acertar a quina que achar outro (IN) andando por aí passeando só por passear).

O mesmo acontece na sala de aula quando o assunto não nos interessa. Por isso apesar de muitas vezes mesmo que inteligentes, não somos bons alunos, não é pela burrice, é pelo tédio. Einstein era tido como INTP, e a história conta que era péssimo aluno na escola. O que ocorre é que o sistema de ensino foi feito por STJs para STJs, nos os moldes da revolução industrial, com o único objetivo de criar o operário perfeito. A única diferença é que hoje usamos terno e gravata e sentamos em frente a um computador. Porém, hoje já sinto um enorme ar de esperança com a internet e a cultura das start-ups. (outro post talvez?)

Então, mais uma dica para saber se é introvertido é se você fica calado quase o tempo todo, até o momento que alguém toca naquele assunto que você gosta, aí você vira a alegria da festa, parecendo um palestrante, doidão e empolgado. Amigo, sinto lhe informar, você pode ser introvertido.

Tudo isso pode atrapalhar bastante a comunicação, rapport e afinidades para os (IN)s e outros tipos, acaba que não encontramos taaantas pessoas assim que gostem de conversar nesses moldes.

Não é a toa que somos os recordistas em depressão. (Pretendo fazer um post sobre depressão também).

(ES) Extrovertido e Sensitivo vs (IN) Introvertido e Intuitivo – Os extremos

Ex 1:

Quando um (ES) descobre que uma amiga foi traída pelo marido, vai estar interessado em saber quem ela é, com quem foi que o marido traiu, se ela descobriu, como isso afetará os filhos dela, como ele pôde fazer algo assim, etc. (Eventos concretos)

Quando um (IN) se depara com a mesma situação, após internalizar o fato, terá pensamentos como (principalmente Fi como eu): Como podem as pessoas serem capazes de quebrar promessas assim, engraçado como sem querer fazemos promessas a longo prazo baseadas em emoções de curto prazo e que custo isso tem para os casamentos, o que isso diz sobre o amor, egoísmo e a índole das pessoas em geral, será que eu também seria capaz de trair dependendo da situação, o que isso diz sobre mim mesmo e meus valores, etc. (Eventos abstratos, que não ocorreram na realidade)

Ex 2 tirado de um livro:

Um (ES) e um (IN) se deparam numa caminhada pela floresta com uma casa velha abandonada, como a de filmes de terror. Logo, o (ES) fica extremamente animado para entrar na casa, descobrir seus segredos,  como será por dentro, quais serão os móveis que contém e segredos escondidos,  como eles vão fazer para entrar, etc. Enquanto o (IN) olha surpreso para tanta animação.

Quando eles entram, descobrem que a casa está vazia, então o (ES) desanima pois não tem “nada” dentro da casa, nem nada para explorar, que chatice! (Mundo tangível / 5 sentidos)

Enquanto o (IN) se empolga e em sua mente começa a imaginar qual seria a história por trás dessa casa, quem será que morou ali, como ela seria ótima para aquele filme de terror favorito que ele adora. (Mundo inteligível / Intuição)

Como precisamos de pouquíssimo estímulo para desencadear reações intensas em nosso interior, não temos necessidade de sair tanto por dois motivos:

1 – As próprias impressões do mundo previamente armazenadas em nossa memória já são substrato o suficiente as vezes para entreter nossa mente por horas e até dias.

2 – Como estamos focados mais na impressão que o mundo externo causa em nosso interior, não importa de onde esse estímulo venha, sejam de pessoas e situações reais ou personagens e situações fictícias (livros, games, tv), a impressão interna causada em nós é similar e já desperta nosso interesse e nos satisfaz.

Porque algum introvertido ia querer se arrumar, pegar o carro, sair de casa, gastar dinheiro, correr o risco de situações inesperadas (e desagradáveis) se pode refletir horas e dias sobre os problemas dos personagens dos seriados e livros que adora? Loucura, não? rs

Sim, resolvi esse é mistério das eras sobre os introvertidos e porque queimamos por milênios nas fogueiras dos extrovertidos, toma essa Sherlock! rs

Claro que estou exagerando, porque adoro fazer isso, e para deixar mais claro meu ponto, pois é óbvio que nós também amamos nossos amigos e filhos, conhecer lugares e pessoas (interessantes para nosso gosto) que estimulem nosso conhecimento e imaginação, e claro gostamos muito de estímulos físicos também, sejam comidas, lugares e o lado físico dos relacionamentos 😉

Saiba que TODO introvertido é extremamente extrovertido quando está cercado dos em geral, poucos amigos verdadeiros que tem.

Costumo dizer que numa mesa de bar, com 4 pessoas que se conhecem muito bem, não há como saber quem é introvertido e quem é extrovertido pois os introvertidos estarão tão empolgados e falantes como os mais extrovertidos do mundo. Agora quando chega um grande grupo de desconhecidos e senta na mesa, aí sim pode-se notar quais foram as pessoas que vão ficando mais quietas e distantes e quais conseguem adaptar-se bem às mudanças de assunto, clima de animação, etc.

Outro exemplo é uma pessoa dando palestra para uma grande audiência sobre um assunto que tem domínio, dificilmente saberemos se é (I) ou (E) pois estará de certa forma sozinha com seus pensamentos e absorvido em sua eloquente apresentação (saberemos melhor se ela é envergonhada ou não).

Agora a sacada está quando a palestra acaba e a multidão aglomera em volta querendo parabenizar, tirar dúvidas, se apresentar, é nessa hora que o (E) se sente em casa e o (I) se já não tiver fugido pela porta da esquerda quando a palestra acabou, poderá estar quase mijando na calça e suando de pânico e desconforto.

Quanto às relações humanas, prezamos a qualidade MUITO acima da quantidade, mesmo que tentem nos convencer que os “desconhecidos que estarão no lugar onde quer nos levar” são super legais e gente boa. Buscamos pessoas para nos conectar intelectualmente e emocionalmente, com interesses em comum (preferencialmente), e não para nos entreter. Para isso temos os games, livros e Netflix e nem precisamos sair do conforto dos nossos lares. rsrs

Última coisa é sempre lembrar que ninguém é 100% introvertido, trata-se de uma escala, então se a pessoa for 55% (I) e 45% (E) essas características não serão tão pronunciadas. Eu por exemplo costumo ficar nos 70% introvertido, e por isso tenho um blog e não um grupo de discussão ao vivo 😉

Por fim isso é que somos e não fazemos essas coisas por mal, espero que já esteja ficando mais claro.

 Conclusão

Se eu tentar resumir a visão que um (IN) tem do mundo e da vida seria: Como eu posso aproveitar essa situação se ainda nem sei o que ela significa para mim?

Tenham esse norte quando lidar com a gente, não temos um botão de switch que fica “on” só porque algum evento externo ocorreu. (A não ser que seja um perigo imediato, tipo um terremoto).

Jamais seria minha intenção de dizer que os (IN)s por serem mais reflexivos e contemplativos, são mais inteligentes e cultos ou coisa parecida, longe disso.

Todos os tipos e pessoas podem ser estudiosos, inteligentes, filosóficos, etc. e muito capazes.

Também são ótimos e péssimos, possuem facilidades e dificuldades como humanos que somos.

E “jogar conversa fora” não é algo necessariamente ruim também, ela é sim, muitas vezes, um potente catalisador social, e de fato sofremos muitas vezes por não possuirmos tal “habilidade”.

Comparar um (I ou N) com um (E ou S), seria como comparar quem é melhor: um físico teórico ou experimental, um filósofo ou um advogado, físico ou engenheiro, um pesquisador da área médica descobrindo novos tratamentos ou o médico no campo, tratando pacientes e aplicando esses tratamentos?

Claro que a resposta é: Nenhum. TODOS são importantes para sociedade.

O propósito é para as pessoas em geral ou que tenham contato e até um relacionamento com um introvertido, entendam as diferenças, saibam que cada um brilha no seu nicho, que não fazemos isso por mal nem para magoar.

Precisamos aprender a compreender os paradigmas pelos quais os outros vivem ao invés de impor o nosso, como por exemplo: “Você precisa ser mais assim ou assado”, “Você tem que sair mais ou sair menos” e afirmações inflexíveis como estas.

Porque se ao invés de sermos incompreendidos e julgados, as pessoas viessem até nós e perguntassem: E aí, o que está pensando de bom?, iriam muitas vezes se surpreender com quanta coisa temos para compartilhar, tentaremos trazer vocês para nosso mundo interior que criamos com tanto detalhe e dedicação durante décadas e pode até ser que ele seja mais interessante e profundo para você naquele momento do que o que está ocorrendo ao seu redor.

Saiba mais sobre como a Introversão é vista pela tipologia de Jung e MBTI.

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